EM BUSCA DE RESPOTAS!


Em janeiro de 2023, a tragédia que vitimou uma conhecida na área nobre na capital maranhense, vizinha de bairro e que brinquei quando criança na Ivar Saldanha não apenas chamou minha atenção, foi além, abalou-me profundamente. Naquela oportunidade, entre outras coisas, fui diagnosticada com febre de cunho emocional.

Os dias passaram e a busca para decifrar o que aflige milhões de criaturas em todo o mundo, capazes de cometer contra si ações tão extremistas, em especial no caso dela, um ser humano de beleza singela e escultural, abastada e, aparentemente “feliz”, não fazia sentido.


Por semanas busquei compreender não apenas aquela atitude, tomando como parâmetro um ato tão violento, mas, também, o meio encontrado para materializar o elevado grau de desespero. Na Ilha, nas semanas seguintes, outras vidas foram ceifadas com as mesmas similitudes, como uma adolescente na flor da idade.


Podia ignorar tais fatos, já que o egocentrismo e a individualidade são norteadores no modelo societário atual, ou mesmo reunir-me coletivamente com o pêndulo inquisitorial, porém não conseguir. A sucessão avassaladora de registros continuou atormentar-me.

Percebi a necessidade do enfrentamento de um assunto tão delicado, onde a palavra na sua acepção linguística, para mim é difícil de ser, inclusive, pronunciada. E não porque exige uma habilidade fonética mais elaborada, e sim pelo fato de carregar peso, dor e uma pergunta que parece não ter resposta: por quê?

Claro, mesmo não sendo da área médica, diante dos registros tenebrosos, logo busquei informações atinentes às causas.  E não foi difícil encontrar uma literatura recente: o primeiro Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM), de 1952.

Analisando o conteúdo, além da classificação e catalogação de uma série de doenças mentais - entre elas a depressão – observei que melancolia era o termo usado antigamente para definir as enfermidades associadas a qualquer tipo de loucura.

Apenas no século 19, mas precisamente em 1860, a palavra “depressão” surgiu nos dicionários médicos, fazendo com que os tratamentos ficassem mais humanizados, já que aquele distúrbio acometeu diversas personalidades ao longo da história, como reis, rainhas, déspotas, cientistas, estudiosos, psicólogos, psicanalistas, além de centenas e milhares de anônimos.

Clinicamente, observei que cinco são os fatores que podem ser o gatilho para eclosão de um quadro depressivo, principalmente quando associado duas ou mais causas: genética ou histórico familiar, temperamento, condições ambientais, sedentarismo e dieta desbalanceada.

Os vícios e abusos de substâncias, drogas lícitas ou ilícitas, jogos, internet ou qualquer outro hábito nocivo finalizam essa lista, ou seja, esses são exemplos que podem causar alterações no cérebro, proporcionando condições ideais para o desenvolvimento da patologia com consequências devastadoras.

A Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS – estima que em todo mundo, mais de 300 milhões de pessoas com idades distintas sofram desse transtorno, consequentemente, podem ter um final sombrio. Nos últimos anos, o Brasil tem apresentado aumento significativo na incidência de casos.

De acordo com a Pesquisa Vigitel 2021, por exemplo, um dos mais amplos inquéritos de saúde do país, em média, 11.3% dos brasileiros pesquisados relatou ter recebido diagnóstico clínico da doença. A frequência foi maior entre as mulheres (11,7%) em comparação aos homens (7.3%).

Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde em abril do ano passado. Ao todo, 27.093 entrevistados com 18 anos ou mais, residentes em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, incluindo São Luís, foram entrevistadas entre os meses de setembro de 2021 e fevereiro de 2022.

Os índices elevados que atingem indivíduos de pouca idade é outro dado extremamente preocupante. Cerca de 96,8% de jovens que partiram de maneira abrupta estavam enfrentando doenças como depressão, transtorno bipolar e abuso de drogas.

Essa temática vivida por milhares de famílias de diferentes classes sociais precisa ser enfrentada e debatida com otimismo, levando em conta dados da Organização Mundial de Saúde.

O órgão aponta que 90% dos transtornos que terminam de forma trágica podem ser prevenidos, e defende a necessidade da realização de campanhas de conscientização, ininterruptamente, já que menos de 10% dos pacientes tem acesso aos recursos terapêuticos disponíveis.

E apesar da assertiva acima mencionada, sem entrelinhas, também não podemos deixar de lado outra verdade nua e crua sobre essa temática: para os especialistas no chamado “Mal do Século“, a depressão ainda é um transtorno envolvo em mistérios.

Assim sendo, diante de tantas informações angariadas, analisei tal enfermidade por um prisma diferente. Anteriormente, até sinto vergonha em dividir uma opinião vil, admito, que certamente é similar a criaturas incultas no tema iguais a mim.

Cá com os meus botões pensava que a doença acometia, apenas, gente fútil, de vida fácil e desocupada, pois quem tinha preocupação em pagar conta e cuidar de família não tinha tempo para deprimir. Meu Deus! Peço-lhe desculpa, aliás, imploro teu perdão pelo julgamento desprovido de qualquer dos ensinamentos cristãos, empatia com o próximo, humanidade, racionalidade, humildade e inteligência.

Diante do catatau de informações, apenas quando fiz a junção da parte clínica com a doutrina religiosa entendi tamanha problemática. Percebi, então, que a moral cristã é o “óculos” que nos faz vê a realidade do mundo, nos dando a capacidade de enxergar as anomalias vivenciadas na atualidade.

Entendi, também, que dos três elementos que compões este planeta: Deus, espirito e corpo - é justamente no último a nossa maior prova de fogo. É no dia a dia, digo, na matéria, que os seres imortais experimentam o educandário da vida, funcionando as experiências cotidianas como aprendizado de amadurecimento na busca da vitória para as dificuldades.

É na carne que impulsionamos o crescimento evolutivo, porque é onde estão aprisionado os sentidos, tais como amor, possessividade, orgulho, egoísmo, caridade, entre tantos outros. Desta feita, conveniente entender a importância da estrutura física, pois é justamente nela que nos conscientizamos da necessidade de melhoramento para quando retornarmos à eternidade.

E tomada pela curiosidade de entender mais e mais sobre esse conteúdo, percebi que assim como tantas outras, serei mais uma peça na engrenagem de Deus para compartilhar o que faço com prazer, zelo e dedicação: escrever.


A partir de hoje e bem diferente de outrora, usarei a escrita com dois propósitos. Disseminar informações objetivando ajudar o próximo, em especial, os que lutam no combate as doenças mentais e psíquicas.

E, também, cooperar com o Criador na missão de acalentar os corações que se encontram sem repostas, enfatizando a importância do autoconhecimento para conseguir identificar os gatilhos da atormentação e, ainda, o entendimento de que não existem doenças, mas, sim, doentes.

Aqui finalizo, com um até breve, o primeiro dos muitos encontros que teremos!

Itamargarethe Corrêa Lima – Jornalista-radialista-advogada, pós-graduada em direito tributário, penal e processo penal, pós graduanda em direito civil, processo civil e docência do ensino superior.

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