CAPELANIA MILITAR


Eva Rufino Castro

O meu convívio com a Polícia Militar do Maranhão começou no ano de hum mil novecentos e sessenta e oito, quando encontrei na figura do Monsenhor Artur Macário Lopes Gonçalves, um orientador espiritual e que coincidentemente era capelão da Polícia Militar do Maranhão, em cuja época, ocupava o posto de Major PM.


Com o passar dos anos, após enamorar-me do então Aspirante-A-Oficial PM João Castro Filho, convidamos o Monsenhor Arthur para celebrar o nosso casamento que ocorreu em 21/07/1973. 


Acessando ao documento de Dom Adalberto Sobral, Arcebispo Metropolitano de São Luiz do Maranhão, datado de 26/08/1947, verifica-se a Capelania Militar de assistência religiosa foi criada em 07/07/1947, através do Decreto-Lei nº 1526 e nomeado como capelão, o Cônego Artur Lopes Gonçalves. A Capelania tinha como sede a Igreja de Nossa Senhora do Desterro e como orago São Sebastião.


Posteriormente com a sua aposentadoria, um novo capelão passou a assumir os trabalhos religiosos na Polícia Militar, o padre Sidney Castelo Branco, entretanto passou pouco tempo na Instituição, deixando vago com o seu afastamento, a função de Capelão Militar. 


Nos fragmentos históricos, verifica-se que a corporação do Brigadeiro Feliciano Antônio Falcão presentes nas obras: A Polícia Militar do Maranhão – Síntese Histórica de Domingos Vieira Filho de 1975 e Polícia Militar do Maranhão – Apontamentos para a sua história, encontramos vagas referências sobre a extinção da Capelania Militar em 1959 quando a chefia da Casa Militar do Governador passou a ser exercida por um oficial superior da Polícia Militar do Estado e a assistência religiosa passou a ser feita através do serviço de assistência social da 5ª seção do Estado Maior Geral, mediante convênio com a igreja, enquanto o capelão militar adido, aguardaria sua transferência para a serva remunerada. 


Essa referência contrapõe-se as informações de alguns historiadores sobre a biografia do Monsenhor Arthur, dando conta que o mesmo foi transferido para a serva após 30 anos de serviço. 


O Cel. Carlos Augusto Furtado Moreira, historiador  e presidente da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares – AMCLAM traz a baila que em 24/11/1993 que se deu o ingresso de novos capelães na Polícia Militar do Maranhão, conforme a publicação no Boletim Especial nº 006 e que em sua opinião veio a marcar um verdadeiro referencial na instituição policial militar, retratado em sua “Apresentação 18, nas páginas 49 a 51” da obra: A Cara Nova da Polícia Militar do Maranhão de autoria do Monsenhor Hélio Maranhão, São Luís - MA, gráfica e editora Tema, 2006. Cel. Furtado, à época Tenente Coronel, Comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar em um dos trechos diz: (referenciando-se ao Monsenhor Hélio Nava Maranhão), “...Incansável, passou em suas homilias, mensagens e encontros, a levar uma mensagem à sociedade, mostrando a galhardia, a importância, o respeito e a consideração que mereciam todos os integrantes da briosa e sesquicentenária Polícia Militar do Maranhão que, a partir de então, passou a vê-la, respeitá-la e admirá-la como um verdadeiro patrimônio do povo maranhense,”, ainda no texto referenciado aduz Furtado: “Destarte, traçar o perfil dos feitos do Monsenhor Hélio Maranhão, ao longo desses mais de onze anos na Polícia Militar é elencar um rol positivo de realizações, pois não obstante a sua sagrada idade cronológica, desafia a muitos com a sua jovialidade espiritual, profissional, altaneira, exemplar, física, digna dos mais valorosos policiais-militares que esta briosa instituição já teve em seus quadros, ao longo dos seus 169 anos de relevantes serviços prestados à sociedade maranhense”.


Convivi amiúde com tal realidade e aduzo que no governo do Jornalista Edison Lobão (15/03/1991 a 02/04/1994) foi então criado 02 (dois) cargos de Capelão na Polícia Militar do Maranhão, através da Lei nº 5.776 de 20/06/1993 com seguimentos: Católico e Evangélico, sendo nomeados o Monsenhor Hélio Maranhão e o pastor Misael Mendes da Rocha. Infelizmente no governo de Roseana Sarney, esta lei foi revogada.


Os dois novos capelães imprimiram um trabalho maravilhoso de assistência religiosa aos policiais-militares e seus dependentes e logo identificaram a necessidade da construção de um templo para as celebrações e orientações espirituais, bem como a necessidade de trazer o público civil para uma convivência mais próxima entre civis e militares. 


Com o passar dos anos, apoio do Comandante Geral da Polícia Militar do Maranhão, Coronel Manoel de Jesus Moreira Bastos, foi fundamental, surgindo a criação da SOCIEDADE DOS AMIGOS DA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO – SAMPM, em 1999, sociedade civil de direitos privados, de caráter social e beneficentes, sem fins lucrativos, com o objetivo de cultivar e difundir os ideais, as tradições e os valores da Polícia Militar do Maranhão, promovendo entre os membros do seu quadro social, o espírito de solidariedade fraterna, o sentimento de amor a instituição e, no seio da comunidade maranhense, o respeito, a admiração e o apoio de que a Polícia Militar necessitava para cumprir sua missão de preservação da ordem e da segurança pública, incrementando entre os membros do seu quadro social, o espírito de solidariedade fraterna e o amor a instituição. 


A SAMPM, também desenvolve trabalho de pesquisa e de divulgação da história da Polícia Militar do Maranhão, realiza solenidades alusivas a fatos históricos e a personalidades militares e civis que se destacaram por relevantes feitos em prol da corporação, participando de eventos cívicos, socioculturais, políticos e administrativos de instituições externas, a fim de dar maior realce à atuação da Polícia Militar na vida social do Estado, além de cooperar com o comando geral da PMMA na realização de programa e projetos de ação social que visem à criação de uma nova imagem conceitual da Polícia Militar proporcionando integral apoio às atividades socioculturais, inclusive às de suas capelanias católicas e evangélicas, apoiando as atividades de Instituições, religiosa ou leigas, que se compatibilizam com os seus objetivos sociais, expandindo o raio de ação social, estendendo a sua presença as Unidades Interioranas da SAMPM. 


São associados da SAMPM, em seus plenos gozo dos seus direitos estatutários e regimentais, todos os Amigos da Polícia Militar do Maranhão, civis e militares ativos e inativos, que estejam regularmente filiados a Sociedade e em dia com as suas obrigações societárias cumprindo os deveres estatutários e regimentais e velar para que os outros associados também assim o façam. 


Dois falecimentos acabaram por fragilizar as atividades da Capelania Militar e da SAMPM, a do Monsenhor Hélio Maranhão em 09/11/ 2015 e a do poeta Pedro Ivo de Carvalho Viana em 04/06/2020 que foi presidente da SAMPM e era Amigo da PMMA.


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