O foguete da empáfia


Um velho dito popular, que nunca pode ser subestimado, ficou subtendido ao fim da apuração dos votos para o Governo do Maranhão; “devagar com o andor que o santo é de barro”. Uma lição pueril, mas didática, que foi solenemente ignorada pelo senador Weverton Rocha, ao embarcar em uma jornada indócil para tentar se sentar na cadeira dos Leões.

Quando a aventura cega fisgou o senador, sumariamente, uma real possibilidade para 2026 foi implodida. O caminho natural, pautado na complacência e lealdade a um grupo que o alçou à vitória em 2018, tornou-se espinhoso, praticamente inviável.

Weverton achou que tinha luz própria. Não, não tinha. Aqueles mais de dois milhões de votos conquistados na eleição passada não pertenciam às suas forças, e lutar contra essa realidade pode ter sacramentado suas mais elevadas pretensões. “Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição”, sussurrou Mahatma Gandhi nos ouvidos do senador.

Grandes políticos, geralmente, são atentos observadores do cotidiano. Por mais de sete anos, Weverton Rocha fez parte de um governo com total simetria, uma simbiose impossível de ser contestada. Subitamente, suas aspirações transformaram sua morada em um inimigo íntimo. Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta, mas as lembranças do convívio do senador no habitar governistas ainda eram bem cristalinas aos olhos do povo. Fatal. Sim, o catálogo de erros encontrou reflexo na terceira colocação da disputa eleitoral. Didático. Não custa nada repetir; didático.

As nuances da vaidade costumam cobrar caro, e quando a dívida envolve a própria alma, o pagamento da fatura se torna praticamente impossível. 

Vinícius Bogéa, jornalista e escritor

Comentários