PROCISSÃO DOS ORIXAS: O Rufar dos tambores no aniversário de São Luís

No início da noite desta sexta-feira(08) em frente ao Palácio La Ravardiere, sede da Prefeitura de São


Luís, como acontece há décadas, o decano no Parlamento Ludovicense – o vereador e pai de santo – Astro de Ogum – comandou centenas de pais, mães, filhos e filhas de santo na tradicional Procissão dos Orixás.

Na frente, um grupo de crianças representou a corte imperial do Divino Espírito Santo. Logo atrás, santos católicos que simbolizavam a devoção às quatro divindades que regem a proteção à cidade de São Luís entre os diversos cultos de matriz africana: São Luís Rei de França, Iansã (Santa Bárbara), Oxum (Nossa Senhora da Conceição) e Oxóssi (São Sebastião).

Muitos curiosos foram atraídos pela manifestação de fé dos umbandistas. 


“Acho muito interessante esse ritual. Ainda mais quando é para celebrar o aniversário da nossa cidade. Todos os anos eu participo e sigo o cortejo até o fim. É um evento muito interessante e carregado de simbolismo. Vale a pena participar”, disse Antonia Augusta, que reside no Lira.


Além do aniversário da capital maranhense, que este ano completou 411 anos, a data serve, também, para homenagear Dom Luís Grande Delfim de Bourbon, filho de Luis XIV, Rei da França e, ainda, Nossa Senhora da Vitória, padroeira da cidade.


A procissão, passou ao lado da Praça João Lisboa e seguiu pela Rua Afonso Pena, até chegar à Igreja do Desterro, onde um grupo de caixeiras entoou ladainhas e toques do Divino Espírito Santo, enquanto do lado de fora, os tambores rufaram sob o comando do parlamentar ludovicense. A procissão se encerrou com a quebra dos vasos como forma de pedido e agradecimento por graças alcançadas.


O ato é promovido pela Federação de Umbanda do Estado do Maranhão-FUCABMA- sob o comando do abinoko Biné Gomes, com apoio da Prefeitura de São Luís como parte das atividades em comemoração ao aniversário da cidade. “Cumprimos essa rotina há mais de 60 anos. A lavagem da escadaria da Igreja do Desterro, uma das mais antigas da cidade, nos permite promover o congraçamento entre os cultos de matriz africana. Neste momento, somos movidos pela fé, e de olhos fechados pedimos paz, saúde e harmonia”, enfatizou Astro de Ogum, que estava acompanhado do também pai de santo Joaozinho da Vila Nova.


O momento de fé e devoção deixou felizes todos os que participaram, como o historiador carioca Pedro Henrique Silva, 32 anos, seguidor da umbanda. "A minha ligação com a religião vem de família. Desde que aqui cheguei acompanho essa programação, que é muito importante para todos os filhos de santo, porque nos possibilita sair às ruas para agradecer e defender aquilo que a gente acredita, bem como exigir tolerância e respeito, pois sabemos que ainda existe muito estigma diante dessa nossa manifestação, mas que, como qualquer outra, é legítima e precisa ser respeitada", finalizou.

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